5.7.16

Hits das Antigas: Sambas-enredos sobre a abolição da escravatura

Os samba-enredos das escolas campeãs dos carnavais cariocas de 1988 e 1989 - Vila Isabel e Imperatriz Leopoldinense, respectivamente - versaram sobre o centenário da abolição da escravatura no Brasil (1888). E foram dois primores em letra e música!

Sempre gostei de sambas carnavalescos e esses estão entre meus favoritos! "Kizomba, a Festa da Raça" ganha em beleza e poesia, enquanto que "Liberdade, Liberdade! Abra as asas sobre nós" embala pelo refrão contagiante. O primeiro é de Rodolpho, Jonas e Luis Carlos da Vila, também interpretado por Martinho da Vila. O segundo, da Imperatriz, composto por Niltinho Tristeza, Preto Jóia (intérprete principal), Vicentinho e Jurandir.

Bora cantar e sambar!



KIZOMBA A FESTA DA RAÇA

Valeu Zumbi
O grito forte dos Palmares
Que correu terras, céus e mares
Influenciando a Abolição

Zumbi valeu
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e Maracatu

Vem, menininha, pra dançar o Caxambu (bis)

Ô ô nega mina
Anastácia não se deixou escravizar
Ô ô Clementina
O pagode é o partido popular

Sarcedote ergue a taça
Convocando toda a massa
Nesse evento que com graça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção

Esta Kizomba é nossa constituição

Que magia
Reza ageum e Orixá
Tem a força da Cultura
Tem a arte e a bravura
E um bom jogo de cintura
Faz valer seus ideais
E a beleza pura dos seus rituais

Vem a Lua de Luanda
Para iluminar a rua
Nossa sede é nossa sede
De que o Apartheid se destrua





LIBERDADE, LIBERDADE! ABRA AS ASAS SOBRE NÓS

Vem, vem, vem reviver comigo amor
O centenário em poesia
Nesta pátria, mãe querida
O império decadente, muito rico, incoerente
Era fidalguia
Surgem os tamborins, vem emoção
A bateria vem no pique da canção
E a nobreza enfeita o luxo do salão
Vem viver o sonho que sonhei
Ao longe faz-se ouvir
Tem verde e branco por aí
Brilhando na Sapucaí

Da guerra nunca mais
Esqueceremos do patrono, o duque imortal
A imigração floriu de cultura o Brasil
A música encanta e o povo canta assim
Pra Isabel, a heroína
Que assinou a lei divina
Negro, dançou, comemorou o fim da sina
Na noite quinze reluzente
Com a bravura, finalmente
O marechal que proclamou
Foi presidente

Liberdade, liberdade!
Abra as asas sobre nós (bis)
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz

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