19.12.13

A agrura do marmitêro paulistano

O paulistano que usa o transporte público sofre com os apertos da extrapolada densidade populacional nos vagões e ônibus.

O marmitêro paulistano sofre ainda mais, porque o maior dos seus problemas não é ser comprimido a cada nova estação ou parada.

É temer que a marmita vire dentro da mochila, vaze e danifique o que está por perto. Fora respingar na sua roupa. Fora respingar no ônibus, na rua, no longo e inacabável caminho até a geladeira da cozinha do trabalho.

Quando acontece, não há como negar a agrura que é.

"Pizza"no metrô. Ok, marmita virada não é o único perrengue da hiperlotação...



27.11.13

Perdi meu sogrão

A violência gratuita entre seres humanos faz vítimas a cada segundo nesse país (de merda), mas quando acontece na sua família o eco é outro. Aconteceu na minha dias atrás, culminando com a partida do meu sogro para outro plano no dia 16.
 
Compartilho da reflexão da amada esposa, publicada no Facebook e que reproduzo abaixo, porque vale ler, pensar, questionar, e aí guardar, para poder reler, repensar, rediscutir.
 
"O pai levou um tiro..." Eu costumo sempre me referir aos momentos felizes como "um dos dias mais felizes", graças a Deus já vivi muitos momentos felizes que não consigo elencar o mais feliz da minha vida. Mas infelizmente a partir do dia 05/11/13, consigo elegê-lo como o dia em que eu perdi completamente o chão, nunca o meu coração havia disparado tão rápido, nunca mudei de humor e chorei tão ráp...ido, nunca fiquei tão muda.. Amparada pelas colegas na faculdade, tudo o que vinha na minha cabeça era um misto de preocupação com a vida do homem que mais admiro no mundo e revolta com o pensamento:

"Quem foi o indivíduo que se sentiu no direito de atirar em meu pai?"

É incrível como tudo tem o seu sentido de acontecer no mundo espiritual. Meses atrás daquele dia, um amigo muito querido quase guru com quem gosto de discorrer sobre o mundo me disse: "Ari, está virando um caos, precisamos nos preparar para ver muitas pessoas que amamos sofrendo..".. Semanas atrás daquele dia, eu mesma havia sido vítima de um assalto e presenciado o ladrão com uma arma na cabeça de uma mulher apenas porque ela se recusou a dar-lhe a bolsa... Sim, o nosso mundo está violento, com ou sem razão..

A razão começa na origem de toda a organização dessa cidade, desse país.. No caráter das pessoas que os conduzem, na impunidade das pessoas que agem errado, na desigualdade social e financeira tão presente no nosso dia-a-dia.. Hoje eu sei quem é esse indivíduo que atirou no meu pai, ele pode ter muitos rostos cujos olhares cruzam os nossos todos os dias vítimas do mundo injusto em que vivemos.. Longe de defendê-lo, apenas entendo que ele tomou o partido do ódio, rancor e violência, foi isso que vi nos olhos do ladrão que me atacou, não, ele não estava drogado, apenas revoltado assim como aquele que atirou no meu pai, assim como vários que agem por aí atacando a vida de diversas famílias. Revolta essa que faz com que ele se renda ao ódio e esqueça de valores como amor, família, valor à vida, direito de ir e vir. É esse o nosso mundo, ainda que a polícia esteja de conluio com eles, não faça nada para prendê-los ou quando os prenda não leve a pena até o final, não é aqui que eles irão pagar pelo que fizeram e fazem.. Porque as leis divinas são as mais poderosas e certeiras que existem. Não desejo nada de mal, consigo perdoá-lo, apenas rezo para que eles consigam enxergar que não estão fazendo o bem e não conseguirão nada em troca desta forma, e tenho um fiozinho de esperança de que esse país seja algum dia melhor para que consiga minimizar e resolver todos os problemas existentes que geram atitudes impensadas como esta que tirou a vida do meu herói.
 
Nenhum desalmado vai nos tirar da memória imagens como essa (pelo menos dessa violência ainda escapamos)
 

5.11.13

Grip in Camelot

Do estúdio caseiro da Rádio Pessa saiu esta pérola do universo auditivo, para a série "como os brasileiros pedem músicas em inglês": CLIQUE AQUI para ouvir.

Amaury Jr curtiria!

18.10.13

Li e recomendo - Cem Anos de Solidão

Um dos principais filhos do escritor e jornalista colombiano Gabriel Garcia Marquez, Prêmio Nobel de Literatura em 1982 e atualmente com 86 anos. Há quem diga que é sua obra definitiva, que criou uma geração de leitores, que fundou o realismo mágico e que figuraria até entre as duas maiores obras da literatura hispânica, atrás apenas de Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes.

A viagem pela fantástica cidade de Macondo, destrinchando a saga da família Buendía em sua desgraça cômica, é recheada de episódios saborosos e descrições riquíssimas conduzidos pelo texto primoroso do autor.

O livro de Gabo da coleção Biblioteca Folha (a primeira edição foi publicada em 1967) já não me acompanha mais na mochila na volta do trabalho pra casa, e devo admitir, escrevendo dentro do busão, que a saudade do seu realismo mágico é grande - acho que em determinado momento da leitura diminuí seu ritmo para a narrativa não acabar tão cedo...

4.10.13

Vídeo: Mesa redonda "140 caracteres ou 410 páginas"

Muito interessante a discussão propiciada pelo debate a que podemos assistir na gravação abaixo, de pouco mais de 1h20. Em pauta, a literatura, as redes sociais e o futuro da leitura e da escrita (super me interesso!)

O encontro ocorreu durante o evento Social Media Week, que rolou semana passada em Sampa. Os debatedores foram :

José Luís Goldfarb, coordenador do Núcleo #REDEMIS do Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS), propositor da mesa;

Marcia Tiburi, professora de Filosofia da Universidade Mackenzie, que conheci no campus Higienópolis e a quem sigo no Twitter (tem lúcidas reflexões);

Clara Averbuck, blogueira da revista Carta Capital;

Mona Dorf, jornalista da Claque Editora.

Aproveite no player abaixo:



30.9.13

Blindagem que mina o jornalismo

Que os jogadores de futebol brasileiros raramente fogem do óbvio e do clichê nas entrevistas antes e depois das partidas já sabemos, até porque muitas das perguntas feitas a eles ficam naquele feijão com arroz que só serve para preencher uma lacuna nas transmissões mesmo.

Então, quando o jornalista tem a chance de entrevistar exclusivamente um jogador da elite nacional, com bagagem internacional no currículo, poderá enfim extrair informações e opiniões mais úteis, articuladas e que respondam ao que muitos de nós gostaríamos de saber sobre essa personalidade, correto?

Errado.

Vejam o trecho abaixo, de um release que recebi dias atrás, referente a uma entrevista de um atleta a uma publicação. Eliminei alguns nomes para preservar o anonimato das partes envolvidas:

A entrevista concedida ao jornalista XX, teve no mínimo um tom curioso, visto que antes mesmo de começar, a assessora do jogador advertiu o jornalista sobre as perguntas que ele não poderia fazer. Dinheiro não pode, insatisfação da torcida YY não pode, das ex ZZ e WW, não pode, às perguntas que sobraram, nem todas respondidas, foram teleguiadas por sua assessora que emitia sons mudos para “sim” e para “não”.

Você chamaria essa entrevista acima de jornalismo de verdade?

6.8.13

Celebrantes debutantes

Abençoar o casamento de entes mui queridos como padrinho já rende uma baita emoção. Some isso à responsabilidade privilegiada de conduzir a cerimônia, podendo imprimir sentimento ao discurso: uau!

foto by Laly Sturaro
Foi a especial experiência que Arika e eu tivemos semanas atrás, coministrando o casamento dos cunhados Letícia e David ao lado de Benoît et Anaïs, irmão e cunhada do noivo, respectivamente.

Superbe!

Minha amada falou melhor sobre o assunto, no Facebook. Quem se interessar, leia:

"Vocês querem ser os nossos celebrantes?"
Pensei tantos segundos antes de responder que eles até chegaram a achar que eu não queria. Senti foi muita honra de ter recebido aquele convite. Honra porque eu sabia o que aquele convite representava, dada a importância que tinha aquela cerimônia visto todo o carinho e cuidado tanto do Da quanto da Lê de escolher tudo a dedo. Ainda mais porque é uma lembrança eterna da benção da união do casal, sim, benção. Respeito a sua religião mas toda pessoa de bom e puro coração pode abençoar o que desejar. Dali em diante, começamos a esboçar o texto, alguns ajustes ali, outros aqui. Insights no meio da madrugada ligando o notebook debaixo da coberta pra não incomodar o sono do Bruno. Foco na elaboração do texto, de forma que ficasse emocionante, sério e não-didático como a Letícia havia pedido.

Difícil definir amor, família e amizade, você acaba encontrando os clichês até perceber que fica fácil escrever quando se vive intensamente todos esses setores, ainda mais quando é sobre um casal que você conhece tão de perto, uma escrita exclusiva. Dias antes do casamento, veio um nervosismo imenso, ansiedade e medo de chegar na hora "H" e não conseguir expressar nada daquilo que eu vinha escrevendo há meses, justamente por não ter experiência alguma com discursos. Sensação que não passou até o momento de enviar os textos para a gráfica.

Naquela manhã fatídica, a ficha caiu. Depois de meses pensando em preparar o texto, traduzir, ensaiar, combinar detalhes.... ERA A MINHA IRMÃ que ia casar dali a algumas horas com o melhor príncipe que poderia aparecer para ela. Como num filme, um flash com todos os momentos que havíamos passado juntas e conversado sobre aquela data mesmo sem saber se ela um dia aconteceria, vieram à minha mente. Ela é tão importante pra mim que eu morria de medo de ela se casar com um homem que fosse tirar de mim a minha melhor amiga (rs). Mas o David Chevrier é um irmão que eu ganhei, lindo, gentil, humilde, amigo! Foi muita emoção e lágrimas de felicidade nesse momento de concentração para a noite especial.

Meu nervosismo até contagiou o zíper do meu vestido que resolveu quebrar na data marcada. E em meio ao desespero apareceram muitos anjos para me ajudar, como num conto de fadas! Muito obrigada Geisa Moraes, Ramon Brandt, Lilian Ravanelli Pessa, Marjorie Azevedo Amaral Amaral, Márcia Vargas Soares, Márcia Padua!!

Fato é que deu tudo certo, mesmo com o nervosismo, mesmo sem o vestido inicial e o melhor é que vocês gostaram de tudo com o que pudemos contribuir! Espero que tenham conseguido sentir pelo menos um pouco de tudo o que eu pretendi transmitir.

Foi inesquecível, um dos melhores dias da minha vida para abençoar o primeiro dia da vida de vocês como um casal, marido e esposa. Sempre estarei por perto para celebrar cada momento e amparar quando necessário!
Muito obrigada pela oportunidade e confiança!

E muito obrigada Bruno Pessa, meu lindo amor, pela parceria de sempre!

AMO MUITO VOCÊS!!!

26.7.13

Uma vez escrevi... sobre o Dia do Escritor

Ilustres, de vez em quando resgatarei textos produzidos há alguns anos (ou muitos... #ficandovelho), que ainda não publiquei (ou não me lembro, ou não tenho mais acesso), pois se conectam com assuntos que voltam a me ocorrer na cachola e também para arquivá-los com mais agilidade e segurança (tenho um arquivo de Word recheado de escritos, mas pen-drives, CDs e computadores estão mais suscetíveis a problemas que possam me levar a perder esses dados do que a imensa biblioteca da Web da qual este modesto bológue faz parte).

O primeiro dessa série "Uma vez escrevi" completou 10 anos ontem, no Dia do Escritor, e não apenas pela efeméride consagrada do número redondo, mas pela manutenção do meu pensamento sobre a questão, achei válido praticar a emersão abaixo. Vejam o que o então estudante de Jornalismo escreveu em uma mensagem de e-mail (a não lembro quem...) na época:

Por que parar na leitura? (2003)

            25 de julho, dia do escritor. Logo cedo, alguém na TV cita a data e aconselha milhões de  brasileiros insistentemente: "leiam, não percam esse gosto e esse costume, não deixem os livros encostados na estante!". Ótimo, a leitura é o nosso pão da vida e criar bibliotecas em casa somente para a visita da poeira não tem muita utilidade mesmo. 

Muito propício o incentivo à leitura voltado ao reconhecimento do escritor. Ampliando o raciocínio, porém, pintou um cutucão: todos nós devemos ler assiduamente, pois temos grandes nomes cujas obras se constituem em legados riquíssimos a nossa formação, correto? Então, essa classe dotada de um privilégio intelectual restrito a poucos merece mais respeito: são Escritores, melhor dizendo. Nada contra, já que  devemos muito a eles. A pergunta está do lado de cá. A nós, meros mortais, caberia apenas consumir o legado que vem "de cima"?  O que fazer com o legado diário que acumulamos em preciosos minutos de leitura? Se há "Escritores", assim tratados por viverem das palavras, não podem existir "escritores", pessoas comuns colhendo os frutos de sua condição de leitores?

            A transposição do ler ao escrever, penso, está mais para o atravessar uma rua de mão única do que o ir de Santos a Guarujá numa manhã de fim de semana de verão. Depende mais de quem empunha uma caneta ou se debruça num teclado; os conhecimentos são mais básicos do que muito se pensa. Lamento que se ache que é preciso diploma superior ou se considere atividade exclusiva às ciências humanas e aos comunicadores. Muitos dos "Escritores" nem ensino médio tiveram. Alguém pode pensar: ah, mas eles são (ou foram) "Eles", né... Superando mais um exemplo dessa teimosia nacional que é a auto-subjugação, veremos que a simples alfabetização, tão em voga no país que cada vez mais leva crianças às escolas, pode ser nosso ponto de partida. A partir do cotidiano, podemos ir além do que habitualmente se faz na escola e compõe o contato interpessoal via correio ou internet, por exemplo. Resta agora descobrirmos o que ganhamos com isso.

Vamos dar uma chegadinha até a Europa da Idade Média pré-capitalista, que já via projetos de cidades em muitas feiras livres. Se você planta apenas verduras, como obtém grãos, cereais e outros alimentos? Vai à feira e troca seu excedente pelo do vizinho que planta aquilo de que você precisa; assim ocorreu até que  alguém tivesse a idéia (não tão feliz, creio) de estabelecer um valor de troca para as coisas, que aí se desvinculou do valor de uso, e hoje vivemos com o dinheiro e o capitalismo, mas meu ponto central ficou lá trás. Voltemos ao tema tentando visualizar os benefícios da troca para os nela envolvidos: percebemos que todos ganham ao produzir algo que vai ser aproveitado pelos demais graças à existência da troca em si.

O ato de escrever - com letra minúscula (porque me refiro a nós), além de nos propiciar um conhecimento partilhado sem que tenhamos de comprar livros, não se restringe ao "toma lá = dá cá", nem pára na bondade cristã de contribuir de alguma forma com o enriquecimento do próximo. Quando escrevemos, aperfeiçoamos nossas reflexões de tal modo que nos conhecemos melhor, aprendendo algo novo a cada busca de palavras na seqüência do texto. O prazer e as descobertas se assemelham ao que a leitura proporciona, afinal a escrita assenta-se sobre a materialização de várias coisas que você já leu algum dia, se entendermos tudo que vivenciamos como componentes de nossa leitura do mundo.

O maior estímulo está dado: começar a escrever espontaneamente tende a se converter numa viagem tão saborosa quanto embarcar no universo da leitura. Atualmente, é muito fácil dar asas à escrita: esse e-mail já mostra um pouco do que a internet pode nos proporcionar. Entretanto, somente a disposição de cada um pode fazer nossa cultura avançar nesse âmbito. É batido afirmar novamente que temos de ter a iniciativa, mas, se servir de constatação, um estudante de jornalismo pode vos assegurar: raramente ele ouviu de alguém desde o ginásio até a faculdade que, não bastando a leitura, precisava escrever. Hoje, não se arrepende por ter ido além.

28.6.13

FUI PRA RUA!!

A onda de manifestações me arrastou na terça-feira da semana passada, dia 18. Aproveitei um compromisso de trabalho entre a República e o Anhangabaú, que acabou no fim da tarde, para me juntar aos milhares que se concentraram diante da Prefeitura paulistana.


Não deu pra ficar muito ali porque infelizmente houve ignorância de alguns tentando invadir o prédio, ou depredá-lo, ou agredir os vigias locais, e aí todos nós da galera "mais sussa" ouvimos disparos de bomba e nos afastamos rumo ao Theatro Municipal.







Inclusive depois vim a saber, durante a própria manifestação que acompanhei até a avenida Paulista, que o furgão branco da Record (foto acima) estacionado diante da Prefeitura acabou sendo incendiado, uma lástima! Eu, como jornalista de formação, poderia estar do lado do carro, trabalhando, se estivesse em outro emprego hoje....

Mas vamos em frente com a multidão pacífica que sabe se manifestar civilizadamente.


Diante do belo prédio do teatro, o pessoal parou a caminhada para se aglomerar, exibir cartazes, fotografar e ser fotografado, embalar palavras, gritos e bordões, e depois seguimos para a Praça da República, que contornamos pela Av. Ipiranga, rumo à Rua da Consolação. Lá, fomos até a Praça Roosevelt e paramos novamente, defronte ao Elevado Costa e Silva/Minhocão.


A massa parecia aumentar cada vez mais, mesmo sendo apenas um dos três grandes grupos que partiu da Praça da Sé, onde a concentração foi agendada para 17h. Do ponto central da cidade, um grupo seguiu para a Prefeitura, outro pegou a direção da Av. Brigadeiro Luís Antônio e um terceiro rumou para o Terminal Parque D. Pedro. O da Brigadeiro, onde estava minha amada esposa, também seguia para a Paulista, que dentro de minutos veria um povo ainda maior tomando conta de ruas, calçadas e canteiros!


A subida para a Paulista, do meu grupo, não foi um Movimento Uniforme (nem Uniformemente Acelerado - pausa para os #colegialfeelings); inclusive um grupelho chegou a gritar para a galera voltar rumo à Prefeitura, então muita gente hesitou por instantes.


Prevaleceu felizmente o bom senso, e tomamos a Paulista, que lindo mar comprido de gente! Passei algum stress quando o pessoal começou a dispersar, depois das 22h, e não encontrava a Arianne. Mas o sentimento de união por uma luta coletiva foi deveras recompensador, assim como o de exercer a Cidadania e moldar a História do país. Ainda mais ao sabermos que, no dia seguinte, o aumento das tarifas de ônibus e trens fora revogado! Vencemos essa!!


13.6.13

Julinha!


Julinha super peludinha com Ari, pré-tosa


Julinha super peladinha me seguindo, pós-tosa

Tava devendo aqui o registro da filha que adotei este ano, em janeiro. Na verdade, ganhei da esposa, a dona original que há acolheu, pela primeira vez, há 16 anos!

Embora essa idade seja praticamente a metade dos meus 31 recém-completos, se consideramos que a contagem etária dos cães requer a multiplicação dos anos vividos pelos humanos temos uma pretinha bem mais idosa do que o branquelo aqui.

Jully (ou Julie, ou, como acabei adotando, Julinha) foi uma das grandes novidades deste 2013 na nossa vida, em nova residência também!

Companheira serena, muito raramente late - mesmo quando passa dias sozinha! Só lhe causam alvoroço as necessidades básicas de comer e passear, quando esperadas e não atendidas logo. Adora ir pra cozinha, cheira o que acha pela frente, e se tem odor de carne por perto, fica na fissura...

Já não escuta nem enxerga de longe, ou com a acuidade de um cachorro jovem, então pouco liga para o que se passa a uma certa distância, inclusive se outro cão se aproxima, se um humano a elogia, essas interações. Gosta da liberdade, de ficar zanzando insanamente lá e cá, repetindo o itinerário dezenas de vezes até dar na telha de comer, beber água ou dormir. Curte brincar de tentar morder, de receber um xameguinho, e se vier acompanhado de um bifinho, melhor ainda!

29.4.13

Imagem não é tudo



Outro dia, no busão, sentou-se do meu lado uma moça com uma bíblia de capa mais colorida e textual do que as convencionais, o que me chamou a atenção (palavras à vista sempre me atraem).

Minha espiada identificou poucas informações, mas entre elas estava o nome Silas Malafaia, dado que me fez alterar a impressão inicial sobre a garota. De uma certa admiração pela nobreza do livro portado, senti um quê de repulsa pela associação que realizei do pastor com expressões lastimáveis, como preconceito e intolerância com determinados grupos sociais.

Aí depois refleti e me fiz duas perguntas: alguém que abre uma bíblia necessariamente é digno de admiração só por isso? Todos os leitores de qualquer texto de Silas Malafaia merecem o mesmo tipo de consideração que nutro pelo líder religioso?

Resposta fácil e comum aos dois casos: não. O texto bíblico é carregado de simbolismos, metáforas, colocações que permitem mais de uma interpretação. Ensina o caminho do amor, mas se absorvido literal ou tortamente por um fruidor intolerante pode transformar o bom em mau semeador.

De mesma forma, suponho que um pastor de prestígio, ao se colocar como multiplicador dos ensinamentos divinos, deve ter, entre as dezenas de discursos direcionados ao pastorado, aqueles que estimulem suas ovelhas a praticar o bem e fazer a diferença positivamente entre os seus e na sociedade (sejam a maioria ou a minoria deles).

A primeira impressão e a imagem mais recorrente nem sempre dão conta do que a pessoa é, não é?

7.4.13

Dia do Jornalista (se é Feliz, já não dá pra garantir...)

Hoje se comemora o Dia do Jornalista, mas minha profissão não tem tido muito o que comemorar. Que se rala muito pra pouca valorização em troca não é novidade, o maior problema tem sido as crises financeiras enfrentadas por vários veículos de comunicação (sobretudo jornais impressos), provocando os temíveis passaralhos, que é como chamamos as demissões coletivas na imprensa.

E assim cada vez mais os jornalistas buscam as assessorias de imprensa, as comunicações corporativas, a produção de conteúdo customizado, todas essas formas de se praticar um jornalismo parcial, porque parece que o integral que renda o que precisamos para sobreviver está cada vez mais raro...

Mesmo não fazendo jornalismo integral já por algum tempo, nunca deixei de ser jornalista, faz parte da personalidade. A antena ligada e o interesse por consumir notícias não mudam nem diminuem, esteja eu trabalhando em redação ou longe dela.

Enquanto 90% dos fones de ouvido dos paulistanos em locais públicos devem ouvir música, via rádio ou arquivos de áudio, os meus estão quase sempre nos programas de notícias ou comentários. De manhã em uma emissora, na hora do almoço em outra, ao voltar do trabalho para casa numa terceira. Até a cabeça cansar de tanta informação. Aí faço pausa pro descanso e, ao despertar no dia seguinte, já é hora de ligar a antena...

21.3.13

Li e recomendo - Canções para ninar adultos

Fui ao lançamento deste, ano passado! E não somente pelo exemplar autografado, mas principalmente pela leitura de cabo a rabo, fiquei muito feliz com o talento literário do meu bixo de Unesp-Bauru, Fred di Giácomo!

Se quiser ver outras notícias e referências sobre o livro, compiladas pelo autor, acesse o blog da obra.

Se quiser saber mais sobre autor, obra e como adquiri-la, acesse o site da Editora Patuá.



10.3.13

Cobertura midiática policial distorce interesse público

O que as ocorrências policiais envolvendo Gil Rugai, o goleiro Bruno e Mizael Bispo têm a ver conosco? Se não somos parentes, vizinhos ou testemunhas dos eventos que se sucedem em cada caso, NADA!

Então porque os casos ganham manchetes, flashes de impacto e repórteres tarimbados deslocados pro acompanhamento in loco, gozando de status privilegiado no agenda-setting nacional?

Porque a nossa mídia sensacionalista se deixa seduzir pelo apelo à comoção das pessoas, sensibilizadas quando alguém é (brutalmente) assassinado, por exemplo. Um fato de interesse público zero, a princípio (por envolver entes particulares somente) é tão explorado e martelado por ela que a distorção nem se percebe: é crime, virou notícia; quanto mais bárbaro, mais "showrnalismo", parafraseando a clássica obra de José Arbex Jr.

Por que não concentrar atenção e esforços jornalísticos em crimes que lesem a sociedade, irregularidades que pesam no bolso de milhões de contribuintes, pautas que interfiram de alguma forma nas nossas vidas? Por que dá mais trabalho do que escancarar os dramas privados que viram B.O.s, dos quais parece que essa nossa imprensa não está disposta a prescindir porque índices de audiência valem mais do que audiências criticamente conscientizadas.

Imagem acima mostra manifestantes pedindo punição aos assassinos da menina Isabella Nardoni. Pessoas largaram suas vidas para se aglomerar em torno dos momentos decisivos, atraindo os olhos da mídia que acompanhava o caso e engrossando o "circo". Desprendimento solidário? Ou uma forma de alienação, de quem se deixa levar pela onda indignatória alimentada pelo sensacionalismo? Essas pessoas largariam suas vidas para protestar contra assassinos do patrimônio público, que não matam com crueldade e enterram com impacto midiático?

25.2.13

Como vai? >>> Tudo bem?

Não gosto de desperdício, e não só de comida. De palavras ditas também.

Implico com o que falamos e não faz sentido, mesmo cientes disso. Ou com o que não precisamos falar mas acaba saindo por convenções desnecessárias.

O "tudo bem?" é o melhor exemplo. Quantas vezes vc já o usou automaticamente, logo depois de um "oi/olá', na expectativa do interlocutor responder "tudo" mesmo que seja mentira, pq na realidade vc não quer saber como vão todos os aspectos da vida do destinatário/ouvinte, mas receia parecer mal educado se não perguntar?

Ora, se a pessoa não te é intima o suficiente pra abordar sua vida pessoal e naquele momento vc não deseja ou tem tempo pra entrar nesse tema, não pergunte! Não é falta de educação. Se acha rude partir da saudação inicial direto pro assunto que deseja tratar, seja educado no decorrer da mensagem, explique-a, apresente-se, diga "por favor", "obrigado" e tudo o mais que faz sentido nessas situações.

Ou se até tem alguma proximidade e interesse na situação do interlocutor, seja mais preciso e específico sobre o que quer saber (e ouvir). Diga, por exemplo: "Como vai?", "Quais as novas por aí?", "A filhinha vai bem?", "Sua mãe operou?", "E o Corinthians, hein?", etc...

Raciocinemos: pensando por alguns segundos sobre os principais aspectos da tua existência no momento, vc poderia assegurar de fato que está TUDO bem mesmo, quando inquirido(a) e automaticamente responde: "TUDO"?

Sei que to sendo chato sim, mas tem diferença sim e reitero: hipocrisia na comunicação interpessoal não!

19.2.13

Li e recomendo - "Filho especial, mãe excepcional"

Esta obra chegou a mim por mamãe, prima de uma das autoras, a mãe que se viu diante de uma missão duríssima mas não esmoreceu, amparada pelo amor materno, capaz de realizações difíceis de supor e dimensionar.

História real que se torna lição de vida, disponível por encomenda em algumas livrarias, como a Saraiva.

7.2.13

Utopia proletária



Tô feliz com a minha, mas queria uma vida assim:

Vários dias nublados, frio ventando, chuva chata. Aí numa manhã o céu aparece limpo, sol reinando, quente (neste verão em SP isso não é anormal). É dia útil mas vc pensa:

"Hoje tá bom pra pegar praia, que saudade do mar!"

Então vc não faz o que teria de fazer naquele dia e vai pra praia.

Fim!

Vai me dizer que vc não queria??

29.1.13

Sobre os Guarani Kaiowa

Recentemente, descobrimos pela internet a situação difícil dos índios da etnia Guarani Kaiowa, ameçados de despejo por ordem judicial no Mato Grosso do Sul.

Digo pela internet pois foram sites, blogs e sobretudo redes sociais os canais que propagaram um drama que virou causa para muita gente, a ponto de modificar seus nomes de usuários nas redes para "Fulano de Tal Guarani Kaiowa".

Será que era pra tudo isso, perguntei-me? Fui atrás de algumas referências e concluí que sim, a iniciativa se justificava. Ei-las:

> Da jornalista Eliane Brum, sobre o significado de incorporar o nome da etnia ao sobrenome, ouvindo alguns personagens, AQUI;

> Do jornalista Bob Fernandes, entrevista com o antrópologo Spensy Pimentel, que traz bastidores e atores relacionados ao tema, AQUI;

> Do professor Renzo Taddei, sobre ser índio, não-índio e "servir à sociedade", AQUI.


Observações e opiniões nos comentários são muito bem-vindas :)

23.1.13

ORIGEM DAS COISAS - A palavra "favela"

Excerto extraído de reportagem do site ControVérsia* sobre o Morro da Providência, no Rio de Janeiro, literalmente marcado pela aproximação da Copa e da Olimpíada na cidade:

"...O Morro da Providência, cujos primeiros barracos começaram a ser erguidos no final do século 19, é a primeira favela do Brasil. Localizada entre a Central do Brasil e a zona portuária, sua origem remete a uma das injustiças habitacionais da história da antiga capital do Brasil.

O governo federal não cumpriu sua promessa de dar moradia aos soldados que voltavam da Guerra de Canudos (1896-1897). A palavra favela, que agora se estende a todos os bairros pobres e superlotados do Brasil, teria surgido ali com os soldados que a identificavam com o nome de um morro onde ocorreram batalhas no interior do Estado da Bahia, que levava o nome de uma planta do lugar..."

 
 
 
*de autoria de Fabiana Frayssinet (Envolverde/IPS), originalmente publicada pela Revista Samuel.

15.1.13

Lixo de (So) Ci (e) dade

Difícil ver cena mais desumana do que um ser humano catando restos no lixo para levá-los a boca instantes depois (não me refiro a quem revira o lixo atrás de metais e papelões para vender, é diferente).

Lixo faz mal à saúde, inda mais de quem mal a tem, lixo nos enoja. SP quase todo dia me enoja exibindo desumanidade, sendo um lixo de cidade.

Partilho da trágica constatação de Manuel Bandeira no poema "O bicho", publicado em 1948 (!):

“Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem”.