28.4.08

O QUE REALMENTE IMPORTA?

Não vejo a hora do "caso Isabela Nardoni" deixar a minha TV, pois todos os dias me enoja tanto a postura da mídia sanguessuga quanto a dos populares-curiosos-desocupados que não desgrudam dessa novela. Em vez de deixarem a polícia e a justiça cuidarem de um crime de interesse meramente privado, envolvendo pessoas que não têm nada a ver comigo nem com vc, e se preocuparem com assuntos que realmente nos dizem respeito, a mídia fica sensacionalizando o fato, aumentando o clima de comoção e a irracionalidade de quem acha válido apedrejar os acusados.

Não me acuse de insensível; se os acusados fossem seus familiares ou amigos, vc acharia normal que eles pudessem ser linchados ao colocar o rosto na rua, não bastando o fato de já estarem eternamente condenados? É plausível pessoas viajarem horas e ficarem em frente a um prédio por outras horas, só pra ter seu cartaz exposto à mídia e gritar impropérios quando seus alvos aparecerem? Ah, elas precisam demonstrar sua indignação?? Teriam elas alguma vez ido à uma sessão da Câmara Municipal - onde não deve faltar motivos para revolta - para cobrar seus vereadores, por exemplo???

Isso não é coisa só da minha cabeça. Olha só o que li quando estudava na biblioteca da PUC-SP hoje de tarde:

"Na sociedade do espetáculo, em que o espaço da política é substituído pela visibilidade instantânea do show e da publicidade, a fama torna-se mais importante do que a cidadania; além disso, a exibição produz mais efeitos sobre o laço social do que a participação ativa dos sujeitos nos assuntos da cidade/sociedade, ou do que a produção de novos discursos capazes de simbolizar o real. À aparente desimportância dos assuntos de interesse público, corresponde um excesso de 'publicidade' e de interesse a respeito dos detalhes mais insignificantes, ou mais constrangedores, da vida privada"

(VISIBILIDADE E ESPETÁCULO, artigo de Maria Rita Kehl, página 143 do livro "VIDEOLOGIAS", organizado por Kehl e Eugênio Bucci, Editora Boitempo, 2004)

Sociedade do espetáculo: falou e disse!

21.4.08

TÃO BOAS QUANTO ELES!

Ainda resta machismo em muitos campos das relações sociais, infelizmente, mas no esporte elas estão cada vez mais ganhando o espaço que já foi exclusivo deles, graças à determinação de quem não desiste diante das dificuldades. (digitei d's demais, de acordo?)

Neste fim de semana, dois exemplos cabais. No sábado a seleção feminina de futebol voltou a encher os olhos dos marmanjos acostumados a ver os homens nos gramados do mundo, despertando um suspiro que já não é novidade: "Como eu queria a Marta no meu time..." (clique aqui para ver como foi)

Dumingu foi a vez de uma piloto (isso mesmo...) vencer pela primeira vez na Fórmula Indy. Danica Patrick fez história num meio tão ou mais masculino quanto Marta, merecendo todos os louros (ou morenos, o que preferir...) pelo feito. (clique aqui para ver como foi)

Da próxima vez que vc ouvir a baboseira "isso não é coisa pra mulher", lembre-se de Marta e Danica...

16.4.08

PROTESTOS OLÍMPICOS 2008

Nenhum itinerário de tocha olímpica foi tão conturbado, pelo qu'eu me lembre, quanto este da chama dos Jogos de Pequim. Simpatizantes à causa dos direitos humanos protestam contra o tratamento dado pela China ao Tibete e líderes mundiais ameaçam boicotar a abertura da festa do esporte, em agosto.

É por aí mesmo. Penso que culturas, tradições e costumes devem ser respeitados - a diversidade faz parte do planeta -, mas há valores universais que em hipótese alguma podem ser desobservados, como a liberdade de ação e expressão e os direitos humanos, de uma forma geral, para mulheres e homens.

Nenhum regime político ou tradição religiosa é aceitável quando passa por cima desses valores. Não na minha cabeça.


Bruno Pessa acompanha diariamente as notícias olímpicas nesse site.